Marcado: digital

Tentaram limitar o digital

Podemos observar hoje uma tentativa de padronização da propaganda no meio digital. Como? Primeiro é preciso observar o histórico do marketing na internet.

Quando era novidade, várias ideias diferentes para propagar alguma coisa na rede surgiram, o universo era ilimitado, liberdade de criação total, principalmente com o avanço dos recursos. Tudo meio caótico, no bom sentido claro, pressupondo que do caos surge a ordem. Então um belo dia alguém teve a boa ideia de utilizar as redes sociais pra conversar com o público como se fosse um amigo, porque de acordo com as estatísticas as pessoas confiam mais nas indicações de outras pessoas do que na propaganda, certo? Funcionou e funciona muito bem, mas pode deixar de funcionar por um detalhe: todo mundo resolveu fazer a mesma coisa, independente do objetivo ou da proposta, virou uma resposta automática para trabalhar nas redes sociais. As empresas e agências talvez tenham confundido a ação básica de ouvir e responder o cliente com ter uma estratégia empacotada e pronta pra utilizar nas redes sociais. Avaliando várias ações de marcas na internet, dá pra perceber que não importa o segmento, produto ou público, a estratégia tomada é muito parecida.

A MyGloss por exemplo entendeu bem como se diferenciar utilizando o Facebook , e hoje é uma das fan pages mais curtidas do Brasil. Eles começaram a dar dicas sobre moda para as pessoas antes mesmo de abrir alguma franquia da marca, e mesmo após o início das vendas, a fan page era utilizada para oferecer valor, e não para vender ou fazer promoções. Segue o link com uma matéria na Exame com um pouco sobre o case. Saiba mais aqui.

Outro case diferenciado é o da cerveja Polar, a cerveja mais famosa do Rio Grande do Sul. Usando o conceito de “coopetição”, que trata de criar competições entre grupos, ideia que viraliza muito mais que as simples competições individuais, a Polar dividiu 100 mil reais entre Internacional e Grêmio, uma das maiores rivalidades no futebol brasileiro, em um hotsite, onde cada clique valia R$ 1,00 e a torcida deveria “roubar” o dinheiro do time adversário clicando. A campanha teve um grande retorno e foi um sucesso porque pensou e planejou algo de acordo com a região, o público e a marca, e pensou o digital como pensa o offline, buscando algo novo e diferente para atrair as  pessoas, e não apenas praticando uma estratégia pronta. Veja o vídeo-case:

A parte chata é que tudo parece muito, o conteúdo de uma campanha digital hoje é quase uniforme. São boas práticas e ideias, mas são as mesmas boas práticas e ideias. Entretanto, nem tudo está perdido. Sempre que surge um padrão, exceções começam a aparecer também.

A boa notícia se divide em duas partes: Primeiro, se está tudo muito igual, alguém vai começar a fazer diferente, e então o ciclo se renova.  E segundo, nada é mais orgânico e mutável do que a internet, logo, não dá pra limitar o digital.