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Música, cultura e projeto final

Desde muito tempo sou fascinada por música. Sou apaixonada pelos arranjos, o legado das canções, como elas segmentam grupos e ativam diversas opiniões. Então escrevi um artigo acadêmico sobre esta paixão envolvendo um pouco da outra, que é planejamento. Ok, não é relacionado a estratégia. É a construção dos arquétipos do álbum Electra Heart, da maravilhosa Marina and the Diamonds. De que forma eles retratam o Sonho Americano. O disco tem uma pegada dark bastante eletrônica e pop candy. É meio comercial, mas suficientemente original, vide o seu conceito.Quando finalmente apresentá-lo para a turma, publicarei aqui.

Este trabalho me deu boas ideias para o meu TCC (glória!). Então, fui neste fim de semana à livraria e comprei alguns livros. Entre eles o maravilhosíssimo “Da bossa nova à Tropicália”, de Santuza Cambraia Naves (essa mulher é incrível, vale pesquisar.) O livro é tão minúsculo e rico que dá vontade de chorar. Já conhecia um pouco da Tropicália, que é divina por si só, como comentei brevemente no post anterior. Mas o bacana, no livro, é voltar no tempo e conhecer a introdução à Bossa Nova e suas influências (ressalto o jazz norte-americano que amo, portanto achei o máximo). Enquanto eram rotulados de chorões, João Gilberto, Tom Jobim, Mário e Oswald de Andrade estavam buscando as raízes do Brasil para, por meio da música, ajudar a construir e estabelecer a identidade brasileira. This is awesome! E poucos sabem. Sinceramente e sem vergonha, por exemplo, digo que não sabia a diferença entre Bossa e MPB: enquanto a primeira, em seus primórdios, traz situações “banais” da Zona Sul do Rio de Janeiro (linda a garota de Ipanema, chega dessa saudade de você, etc.), a segunda assume o papel da massa e seus dilemas.

Voltando ao TCC, não, não vou discutir separadamente música, nem identidade cultural, nem personas. Vou fazer os três juntos, mas não tem a ver com o Electra. Este me deu parâmetros incríveis para definir as linhas de criação do projeto, mas quero valorizar a minha cultura, o nosso Brasil. Costumo dizer que, despercebidamente, publicitários são profissionais frustrados. Muitos artistas plásticos, sociólogos, musicistas, desenhistas e afins fazendo propaganda. No meu caso, é a Antropologia. Sou encantada por esse ramo; depois que decidi que não queria mais Economia, quase prestei vestibular para Antropologia, e sei lá por que desisti e fui para o mundo da Publicidade. Mas enfim, a forma que a cultura se desenrola na sociedade é papo pra muito tempo, e isso me interessa muito. Por isso, também, é que gosto tanto de planejamento, pois tenho a possibilidade de unir e tornar úteis as duas frentes, estratégia e cultura. Vejo que o nosso país passa por um momento de muito estrangeirismo, o que não é errado, de forma alguma. Mas o brasileiro costuma dar muito mais valor ao que vem de fora, talvez porque não conhece a nossa multidisciplinaridade, nosso mix de culturas e democracia. Quero poder ajudar, pelo menos uma parcela da população, a conhecer esses valores, reconhecer já é muito individual. E fazê-lo por meio da música. Ainda não estou ligada a formatos, mas tenho parâmetros temáticos. E muitos, muitos manifestos. Pode ser, ou pode parecer muita ousadia temática – principalemente porque não é algo que vai ficar enterrado numa monografia -, mas acho que fazendo “pequenas coisinhas” pelo planeta, podemos torná-lo melhor. Principalmente quando as pessoas não valorizam o que têm no mundo moderno.

“‘Aquele Abraço’ tornou-se o hino carnavalizado de toda uma geração que se sentiu oprimida pelo regime militar e por outros constrangimentos culturais.” Santuza Cambraia Naves

Obs: no decorrer das pesquisas, com certeza vou trazer informações pra cá. E elas começam desde agora. Obviamente quero escrever sobre meu dia-a-dia de publicitária (eu falo demais), então os assuntos serão intercalados. Acho que vai ser bem bacana, mas não se importe com isso.