Aprendendo a aprender

Desde a semana passada, venho refletindo sobre vários aspectos a respeito de aprendizado: nunca estamos absolutamente prontos, sempre existe muito para aprender. Há algumas semanas, revisitei alguns links que gosto e também pude ter acesso a algum outro tipo de conhecimento desconexo com o que vinha buscando, mas que acabou ajudando a complementar um loop de pensamento. Foi uma relação com aquela história de que “o universo conspira.” Me refiro a três coisas:

1. Talvez alguém o conheça, talvez não, mas Tiago Mattos, director of whatever da Perestroika que participou do TEDx Porto Alegre, fala em sua palestra sobre como é o atual modelo de educação e como ele acredita que o mesmo deveria ser. Tiago conta uma espécie de filosofia interessante sobre a nossa forma de obter conhecimento: quando você acha que sabe muito, o seu contato com o desconhecido é muito pequeno, então sua aprendizagem também é pequena porque você acha que sabe um monte. Quando você sabe muito, por saber muito sabe que sabe pouco, o seu contato com o desconhecido é muito grande, então você está sempre procurando saber mais e quanto mais sabe, sabe que sabe pouco.

2. Esse raciocínio parte claramente da premissa de Sócrates. Anos antes de Cristo, ele muito ensinava as pessoas a terem conhecimento da própria ignorância. Não conhecer as coisas que precisam ser conhecidas, mas conhecer a própria ignorância – saber que não sabe – e assim conhecer o que precisa ser conhecido. “Só sei que nada sei” é uma frase célebre do filósofo. Ou seja, o verdadeiro sábio se coloca na posição de eterno aprendiz.

3. Os dois últimos parágrafos me levam diretamente a falar de um recente experimento. Há algum tempo, em 12 escolas de Nova York, uma psicóloga fez uma experiência para testar e comprovar que as crianças, por exemplo, não aprendem a aprender, elas levam os erros como sinal de burrice e não como blocos dos quais o conhecimento é construído. Foram escoltadas 400 crianças da 5ª série e divididas em sala A e sala B. Para todas as crianças foram passados os mesmos testes, mas com estímulos diferentes (o nosso cérebro responde a recompensa, mas isso é assunto para outro post.) Na sala A, ao entregarem o primeiro teste, todas as crianças receberam elogios como “nossa, você é muito inteligente”, enquanto na sala B, ao entregarem o mesmo teste, todas as crianças ouviram “parabéns, você é muito esforçado.” Esse elogio refletiu de forma drástica a segunda etapa, onde a psicóloga utilizou testes extremamente difíceis. Perguntaram para cada criança qual teste elas preferiam responder: no mesmo nível do primeiro ou mais difícil. 90% da sala A, os chamados “inteligentes”, escolheram o teste do mesmo nível, enquanto os “esforçados” da sala B escolheram o teste mais difícil. Isso foi uma prova de que, quando considerada inteligente, a criança pensa que sabe tudo – e portanto não precisa de mais – e é vulnerável ao erro. Quer continuar parecendo inteligente e para tanto, não arrisca errar. Enquanto quando considerada esforçada, comumente ela quer ir mais longe, ampliar sua camada de conhecimento e enfrentar desafios.

Eu acho sensacional como todo esse discurso se desenrola na humanidade, e como eu tenho lido sobre isso nos últimos tempos. Tanto que, em momentos diferentes e plataformas diferentes dispus dessas informações que hoje, fizeram uma conexão em cheio. Até que ponto nós nos damos conta do desconhecimento? Ou até quando pensamos saber alguma coisa sem na verdade saber nada? Quando somos adolescentes, pensamos saber de tudo. E quando crescemos e temos consciência de que a vida é tão mais do que pensamos saber, alcançamos o auge: a maturidade. Então enquanto organizava esse post, alinhei tais 3 lições de vida:

1 – Amplifique seu contato com o  desconhecido;
2 – Tenha consciência da sua ignorância;
3 – Não queira ser inteligente. Seja esforçado, sempre.

Nada disso te torna um estúpido. Muito pelo contrário, te torna um discípulo do conhecimento. E esse espírito de eterno aprendiz é o que forma os verdadeiros gênios – mas não queira ser um.

(Imagem retirada: http://www.flickr.com/photos/haynesmann)

Um pouquinho racional

Há algum tempo eu tinha um blog que contava historinhas romanticazinhas, seguindo o estilo “Era uma vez.” Surgiu de uma necessidade que eu tive na época de transcrever alguns trechos românticos meus e de outras pessoas também. Sempre gostei bastante de contos, mas o ritmo dos dois últimos anos foi fazendo com que eu me interessasse por outros assuntos, um pouquinho mais racionais, e querer saber e conversar mais sobre eles.

Imagem retirada do site crystalwilkerson.com Pois bem, nesse espaço que eu e você estamos agora, nesse confessionário, blog, ou qualquer outra coisa que seja, surge a partir desse ponto “um pouquinho mais racional” que citei no parágrafo acima. Todos os dias eu – tenho certeza que você também – lido com bastante informação sobre assuntos variados, e quero aqui poder expor um pouco dos meus pensamentos, ideologias, insights. Não contos de fadas, mas contos de cases, talvez. Na verdade, o que der na minha telha pesquisadora/estratégica/criativa (isso se eu realmente tiver alguma dessas telhas.) Um bocado em forma de texto, outro em ppt… É que na verdade eu tô falando de planejamento. Daquele cara que trabalha pra caramba, e quanto mais trabalha, mais quer trabalhar. Cria projetos além do próprio trabalho. Projetos para desenvolver melhor suas habilidades de estratégia, pesquisa, insight, ou apenas por hobby. Mas mesmo que seja por hobby, o cara vai tirar dali experiências que vão ajudar no desenvolvimento de um raciocínio, dar start numa ideia e olha a pegadinha: o cara tá trabalhando de novo. Isso é uma doença! Mas é uma doença boa, e uma das pouquíssimas que dá prazer e faz ganhar algum dinheiro em vez de perder.

Em resumo, tô com uns projetos aí, e um deles – o maior, na verdade – é ser planner. É o que quero ser hoje e amanhã, tô me esforçando pra dar certo. Vai que cola?

(Imagem retirada do site crystalwilkerson.com)